Lisboa, 12 de Dezembro de 1733
Decerto esta será mais uma carta retida não sei onde, que tu não irás ler. Mas nesta, repetirei todas as palavras de sempre, porque as saudades que sinto de ti, meu amor, são maiores que o oceano que nos separa. Não posso esquecer a tua pele morena, nem os teus olhos de mel. Sinto-me capaz, de escrever mil cartas, e lança-las por mil pássaros, para que somente uma, chegue a ti, e te lembre, te faça acreditar, que não te esqueço, e que te amo. Com todas as forças, as minhas, e as da natureza. Desculpa ter sido cobarde, e não ter ficado, perdoa-me meu amor, a falta de coragem, para combater contra quem nos separou. Perdoa-me a distância deste oceano.
Mas eu prometo-te, prometo que, não falta muito. Já tenho a certeza, que o meu tio, vai de viagem, com paragem certa na Índia, ele leva-me com ele no seu navio. Tive que explicar-lhe que a vida não faz sentido algum, quando não estamos perto, da nossa essência, do amor que nos faz acreditar que é possível viver na eternidade. Não ficarei descansado, enquanto não te tiver de novo, nos meus braços. No reencontro, vou abraçar-te com tanta força contra o meu peito, que quase me falta o ar, só de imaginar, outra vez a tua imagem em mim.
Meu amor, tenho-te ainda gravada nos meus olhos, como as lágrimas que me correm, transparecem o teu nome no meu rosto. E enquanto te recordar, toda esta espera faz sentido, porque sei, que poderei amar-te, poderei entregar-te a minha alma, num beijo eterno. Os nossos caminhos estão traçados, e o destino, esse é contigo meu amor. Na entrega da felicidade, que brotará de nós.
O meu pai continua, com a opinião, que raças não se misturam, tento todos os dias, pedir-lhe a permissão, para te ir buscar, tento todos os dias, numa luta insustentável, que nos deixem amarmo-nos de uma só maneira. Mas fere-me o coração, a incapacidade que sinto, por nada poder fazer.
Mas aguenta meu amor, aguenta, que eu sei, que um dia, estaremos de novo numa só vida. Porque sinto, que o meu amor por ti, é capaz até, de abrir caminho sobre o oceano. Agora acabo de te escrever, porque é tarde, e já só consigo chorar. Tento não desesperar, mas meu amor, a falta que me fazes é quase mortal.
Do sempre teu, Amado Eterno…