Gosto de ti...

Abracei-te, num aconchego tão quente, e recordei tudo o que mudou na minha alma, com simples frases tuas. Foram sempre curtas as horas ali, naquele mundo que construímos, tão nós, tão nosso. Tão sábias as tuas palavras, quanto as tuas vivências. Cá dentro, a sensação de paz, era absoluta, como se fora o mundo fosse brilhante, espirituoso e iluminado pela tua presença. Uma sensação inexplicável de uma espécie de formigueiro no peito, que borbulhava e fazia cócegas, a cada palavra um sorriso harmonioso. O batimento cardíaco não era o normal, porque eram dois. O meu, e o teu. Sentia-os aos dois cá dentro, de almas de mãos dadas. A presença física seria muito, mas conseguir sentir estas palavras, “Ainda que estivesses no fim do mundo, eu chegaria sempre a horas de contares comigo.” seria (é) o suficiente para conseguir fechar os olhos, e adormecer de sorriso nos lábios e o coração cheio de paz. Tenho saudades tuas, daquelas que fazem doer não sei onde, nem como. Sinto a tua falta. Sinto falta do teu abraço, do teu sorriso, das tuas piadas, das tuas gargalhadas, dos teus mimos… Sinto falta de ti. E só consigo amenizar, lendo vezes sem conta as tuas palavras.

“Ainda que estivesses no fim do mundo e eu não soubesse o caminho, iria ter contigo. (…) A certeza do teu abraço e do teu beijo no fim da estrada encurtaria o longe, se longe houvesse entre nós. (…) Somos Uma com princípio e o infinito como sonho. No meio fica o carinho que nos une, aqui ou em qualquer lugar do mundo.”
Tu ensinas-me a crescer.
“…obrigada por seres "pedaço" de mim.”
Obrigada, eu.

...Infinitas vezes o infinito.

...

Muitas pessoas me perguntam como é viver sozinha em casa, poder fazer o que se quer, ter as suas regras, poder quebrá-las a todas. É extremamente fácil dizê-lo. Dizer que é bom, que era o que muitos queriam. Mas as coisas não são assim tão fáceis. Há uma data de coisas por detrás dos horários, de chegar tarde, de trazer amigos para casa, de ir a festas… Há que saber arrumar também, limpar, gerir o dinheiro, pagar as contas, fazer o comer, fazer compras pelo que é mais barato porque o dinheiro não chega para tudo, ter atenção a uma outra série de coisas que ninguém pensa quando diz que é óptimo viver sozinho. Sinónimo de crescimento, de liberdade. E por isso, talvez eu não esteja assim tão crescida em certos momentos. Porque sinto saudades dos meus pais, da minha cadela, das discussões, das piadas, dos domingos a passear, dos domingos em casa de pijama com torradas e chá quentinho, dos jogos de cartas, dos almoços com visitas, do sofá cheio, da casa quente, do quarto deles iluminado. E á noite, há um turbilhão de coisas que me assusta, passos dos vizinhos do andar de cima, o escuro, ruídos que entram pelo pequeno buraco de janela aberta. As coisas são mais difíceis do que parecem. Custam muito mais do que se imagina. Ouvi-los falar da casa nova, dos quartos, das varandas, da vista, do local. E querer ver, através de uma qualquer coisas, tudo aquilo, querer sentir o cheiro da casa, a textura das paredes, sentar no sofá e ficar a ver televisão mesmo, talvez, sem perceber nada. Hoje, acho que só queria mesmo, sentir a presença física deles. 

Sari


Não foi assim tanto tempo quanto isso, mas foi o tempo suficiente, para me deixar de coração nas mãos e lágrimas nos olhos. Apesar de todos os disparates, de todos os fios estragados, de todas as meias roubadas, do chão sujo, da terra dos vasos por todo o lado, de não parares quieta um só segundo, de me teres acordado umas seis vezes esta noite, e de logo no primeiro dia que passaste aqui em casa me pregares um susto de morte, que pensei que saltavas a janela a morrias... Apesar de tudo isto... Vou sentir tanto, mas tanto a tua falta. Que os teus novos donos te tratem bem, que sejas a cadelinha mais feliz do mundo, e que cresças saudável e deixes de fazer disparates.