A vida!

Vão viver juntos, ela não o ama, mas precisa ama-lo. Ele pode sustentá-la, e ela não é capaz. As duas filhas não gostam dele, porque já antes, era demasiado possessivo. Ela precisa de gostar dele, porque é quem trará o alimento. Ele saiu para trabalhar, chegou tarde, e bêbedo. Queria beber mais, mas não havia em casa. Ele gritava, as meninas acordaram, ela pedia-lhe que falasse baixo. Ele gritou, e mandou-a contra o frigorífico. Ela a chorar, foi por as meninas na cama, assustadas. Ele queria sexo, ela não queria. Ele cheirava a álcool. Para ele não gritar, para as meninas não ouvirem, ela deitou-se e chorar, deixou-o fazer o que quis. A dor imensa. No dia seguinte, as dores, as perguntas e o medo das meninas. Ela disse, que era a primeira, e ultima vez, ele vinha apenas chateado. Ela faz um jantar melhor, ele chega tarde, as meninas já dormem. O comer estava frio, e já não havia gás. Ele queria comer, e hoje, trazia mais uma garrafa de cerveja. Ele sentou-se no sofá chateado, mas sem gritos, a ver televisão e a beber a cerveja. Ela aliviada, acreditou que o dia anterior teria sido apenas um pesadelo. Ela vai dar-lhe um beijo, estava com sono. Ele pega-a pelos cabelos, chama-lhe nomes, e diz que tem fome. Ela chora. Baixinho. As meninas não podem acordar. Ela está na cozinha, a tentar fazer alguma coisa, ele vai, agarra-a por trás, e queria sexo. Ela não queria. Ainda doía do dia anterior. A menina mais velha acorda, vai na direcção dele, e bate-lhe, com desespero. Pede para deixar a mãe. Ele manda a garrafa de cerveja quase vazia contra a parede e vai-se deitar. A menina abraça a mãe, a chorar, as duas vão dormir. No dia seguinte, era segredo, a pequenina ficaria triste ao saber. As lágrimas da mãe corriam, abraçaram-se as três. As meninas já dormiam, ele chega e cai na porta de entrada de tão bêbedo. Ela põe-no a pé, e ela bate-lhe na cara. Bate-lhe no peito, nas pernas… Ele bate-lhe o mais que pode até ela não conseguir aguentar mais a dor e ter que gritar e acordar as meninas. Ela aguentou, levou e só gemia, deitou-se, ele quis sexo, ela estava quase inconsciente. No dia seguinte, foram as meninas que a acordaram, com o pequeno-almoço num tabuleiro. Quando ela as olha, com todas aquelas marcas, aqueles hematomas… A mais velha deixa cair o tabuleiro. Chora. A mais pequenina fazia perguntas. Ela prometia que aquilo iria acabar, agarra as meninas com todas aquelas dores, e beija-as. Diz que as ama, acima de tudo e faz tudo por elas. Tudo se repete. Até ao dia, em que ela já não lhe chegava. Em que ele chega bêbedo e elas jantavam. Em que ele lhe bate em frente ás meninas. Em que elas… Vão em auxilio da mãe e o tentam parar. E ele, pela primeira vez, manda a mais pequena ao chão com violência e bate na cara da mais velha, com tanta força, que lhe saiu logo sangue da boca…




Há mais problemas do que o estado monetário do nosso país…

3 Meios Devaneios:

Coragem disse...

Existem sim, e irão continuar a existir.

Por mil e um motivos a mulher ainda se deixa dominar, é dificil entender, para mim.

Um dia, esta, tal como muitas outras histórias reais, irão ter um desfecho trágico. Muito mais grave, que a situação em que ela se encontrava antes de ir viver com ele.
Não entendo, eu não entendo...

Beijinho Pitasin e...juizo

' Claudjinha disse...

este post até me arrepiou. já passei por algo semelhante mas nem tão mau assim...

e no fim disto tudo, sim, é verdade, há mais em que pensar do que a crise...

De dentro pra fora disse...

Desculpa a invasão,...
o teu texto mexeu comigo, tal como uma (mais uma)historia que com todas estas verdades horrendas eu ouvi á bem pouco tempo de alguém que não conseguiu aguentar mais e juntou os farrapos de coragem que lhe sobraram e agarrou nos filhos pediu ajuda e fugiu, se bem que até ao último minuto estava na dúvida, mas conseguiu, assim o espero...
Quem passa por elas(situações) não consegue explicar como aguenta tanto tempo, quem está do lado de 'fora' não consegue entender.
Espero que a partir desta'primeira vez' ela consiga deixar que ele caia sozinho sem que ela(ou as filhas) esteja debaixo para lhe amparar as 'quedas'