Meu Arco-Íris!

As tuas mãos nas minhas, a eternidade é nossa.
Os teus olhos nos meus, somos o reflexo de nós.
Os meus lábios nos teus, vivemos num sonho.
O teu corpo no meu, somos Um só ser.




Amo-te, um amar-te que se intensifica a cada instante.
É uma lâmina, que entra abaixo do pescoço, que percorre o peito, que o divide, que abre o ventre como se do desabrochar de uma flor se tratasse. Uma lâmina, que vai muito além da superfície da pele… Que, mais meio dedo de cumprimento e passaria para o outro lado do corpo. Uma lâmina que de tão fina não faz sangue, causa dor, uma dor que dilacera mais que o simples escorregar da lâmina sobre o corpo quente, e os olhos vazios.  É a lâmina que me mata.

Amor III

Foram horas de exploração, reconhecimento exaustivo. Um querer saber-te sem que seja preciso ver-te. Absorvo o mais que posso de ti e tu fazes o mesmo comigo.
Interrompes tudo, envolvemo-nos num beijo e levantas-te da cama. Fico deitada sobre a almofada ainda quente de ti, e com o teu aroma. Oiço alguns ruídos vindos da cozinha… Voltas com um tabuleiro e um olhar suspeito. Duas laranjas cortadas em quatro, uma garrafa de champanhe e dois copos. Pousas o tabuleiro na secretária, voltas para o outro lado e fechas um pouco a janela, pelo adiantado da hora o sol vai alto e a pouca luz causa ênfase á tua silhueta. Sobes para a cama, e de joelhos tiras a t-shirt. Aprecio-te o corpo tão delineado, neste escuro, somente a tua sombra num movimento lento.
Levanto-me enquanto me estendes a tua mão, despes-me, e é então que numa explosão de energias os nossos corpos quentes se colam. Sinto a suavidade na tua pele na minha, o teu peito no meu e os nossos corações dissolvem-se um no outro. Enleamo-nos num abraço que suga todas as energias que nos rodeiam para o contacto da minha pele na tua. Como um íman.
Abrimos o champanhe, verto numa linha muito fina para os nossos copos, e depois de um minúsculo trago, em que apenas fica o sabor na boca beijamo-nos. Em danças sensuais com toques aveludados das nossas línguas. Pousas o teu copo e sem ser preciso dizer fazes aquilo em que estou a pensar, deitas-te vagarosamente enquanto a tua mão se afasta do meu peito. Deixo cair sobre o teu peito algumas gotas do copo e vejo-as percorrer-te o abdómen, vou ao seu encontro e a minha boca faz o caminho de regresso. O teu corpo trémulo mas paciente, a tua mão que desliza sobre o lençol e os teus olhos fechados. Procuro a tua boca passando pelo teu pescoço primeiro. Esticas o braço, vais buscar a laranja e agora sou eu que te leio o pensamento, que te respondo e te oiço através do olhar. Beijas-me num longo e calmo entrelaçar… Afastas-te um pouco, ergues o braço com o quarto de laranja na mão e espremes por cima do meu rosto em que poucas são as gotas deste sumo que cursam á minha boca, e aí tu bebes de mim para ti. Procuras não desperdiçar nenhuma gota que podes degustar na minha boca.

Amor II

Sonhávamo-nos. Mas talvez a intensidade do nosso gostar, ou a imensidão do desejo de nos tocarmos… Tornou realidade a felicidade até aqui utópica. Acordei ao teu lado. Apreciei-te, contemplei-te, alimentei-me da tua imagem como se não soubesse já de cor os teus traços perfeitos. Passei a mão muito levemente pelo teu rosto, desviei-te o cabelo da testa e num beijo leve levantei-me. Fui ver á janela, como estava o sol d’hoje. Para confirmar o paraíso que descrevias até aqui. Para poder respirar o ar que sei que respiras todos os dias. E sim, lá estava a mais bela das imagens, um nascer do sol dourado e mil tons diferentes de cor-de-laranja desvanecendo nos baços tons lilás. Umas suaves nuvens que poderiam ser pálidas, gélidas de cor, mas são apenas bolas de algodão doce. Volto-me e fico a olhar-te mais uma vez. O teu ar sereno exibe o anjo que há em ti. Volto a deitar-me de frente para ti, sobre o meu lado esquerdo, seguro a tua mãos e num encaixe perfeito os nossos dedos entrelaçam. Não fecho os olhos com medo de voltar para lá, com medo de sair de perto de ti. Inalo todo o teu aroma… Volto a contornar-te o rosto, tocando de leve com o dedo indicador na tua testa, e descendo suavemente pelo nariz e os teus lábios. Vou esperar que acordes. Quero abraçar-te e beijar-te, antes que o sonho nos leve de volta.
Acordaste, de um sono profundo…Vi-te abrir aos poucos os olhos, enquanto na tua boca se formava um sorriso doce. Não havia espanto, como se o sonho tivesse sido introdução ao momento, como se a realidade ali existente fosse já prosa poética que vivemos diariamente. Seguraste-me a mão firmemente. Abriste os olhos ainda pequeninos. Aproximei o meu rosto do teu e beijei-te a testa enquanto fui descendo em beijos suaves, roçando a minha boca e inalando o teu aroma natural. Fechámos os olhos enquanto senti a tua respiração sobre os meus lábios. Senti-lhes a textura, a pequena brisa que saia por entre eles. Numa dança serena os meus lábios decoraram os teus. Estudei-os enquanto os nossos narizes se tocavam. Desvio-te o cabelo que te cobre o rosto e ponho a minha mão sobre ele, abrimos suavemente as nossas bocas, e num aproximar ainda mais deleitoso senti o calor que brotava da tua língua. Degustamo-nos. Bebemo-nos em módicos tragos.
Abraçámo-nos.
Beijei-te os ombros nus enquanto lentamente te foste aconchegando com as costas voltadas para cima. Deixei escorregar pelas tuas costas, como que explorando, a ponta dos meus dedos. Conseguindo arrepiar-te a ti e a mim. Depois de as ter explorado, fui reconhecer com os meus lábios, em beijos meigos e formando linhas de calor com a língua. Desenho-te assim, um desenho que só tu sentes e só eu vejo. Percorro todas as tuas costas apreciando o teu sabor. Volto a beijar-te o ombro, o braço. Exploro o teu corpo, como se o quisesse gravar em mim. Pinto-te em beijos e o percorrer do teu corpo com a minha saliva. És a minha tela.

Amor.

Deixar-te, ainda que por meras horas, é uma dor que me afoga todos os sentidos. É olhar para trás de lágrimas nos olhos e passos que se arrastam. É ouvir-te em todas as músicas enquanto a saudade que vai consumindo e congelando o sangue do meu coração que ficou a pulsar nas tuas mãos. E é quando a palidez do meu mundo se intensifica, que rompe o sol da tua chegada. Chegas tu, emanando um suave aroma de Primavera, sorrisos cúmplices e cor.
Dás-me vida. É a saudade que me consome que faz com que seja tão importante ter-te.



És para mim o sol, o ar. És a fonte de tudo aquilo que preciso.
E é assim que ficamos, enquanto não desejamos que o tempo e o mundo parem para te poder correr para os braços outra vez… De braços enleados, cabeças encostadas e sem que possa existir sequer ar que nos separe.