Uma grande procura

Procuro... Procuro-me... Não encontro... Não me encontro... Busco o meu ser, o meu mundo, porque não pertenço a este... Não sou daqui... Questiono-me, e fico sem respostas... Talvez porque não existem respostas para minhas perguntas aqui... Eu vagueio por entre almas, vazias nesta cidade, neste pais, neste mundo... Perco-me por entre estas almas, com máscaras que não me permitem olhar no fundo dos seus olhos vazios de sonhos... No fundo de uns olhos vazios de sentir, sem brilho e sem cor... Eu vivo, eu sinto, eu vejo, eu respiro, eu falo e oiço... Ou não... Porque afinal, se aqui estou, talvez me tenha tornado uma alma vazia, assim como todas estas com que me cruzo todos os dias... Mas eu acredito, acredito, na perfeição de um mundo melhor, este mundo que eu procuro desde á muito tempo... Eu acredito nas crianças e na sua pureza... Eu acredito na felicidade... Eu acredito nos sonhos, nos meus sonhos, acredito que as coisas são somente o que queremos que sejam, como o menino que come o pão sem nada, mas que imagina, estar barrálo com chocolate e o come com gosto... Como o menino que para ele, a lua é uma estrela... Como a menina, que para ela, no seu mundo, os cisnes são amarelos... Eu quero, acreditar... Mas a vida escorre-me por entre os dedos, e eu vejo, assim como vejo naquele vidro da paragem de autocarro sujo e embaciado, o que me rodeia reflectido, nesta mistura, de realidade e ilusão, eu vivo, no vazio que está no meio de ambas, no vazio entre o sim e o não, o Talvez, entre o céu e a terra, no ar... Esperando o momento da partida, quando me encontrar a mim, e ao meu mundo, e ai poder voar, nas asas de um anjo...