Se conseguisse escrever sobre os meus terrores, explicar-tos-ia a todos. Sei que há em ti a luz que os afasta. Embora por vezes eles venham, me silenciem em forma de pequenas gotas que correm sem quererem ser vistas. Afogo-me em silêncios de fúria, uma raiva sem causa aparente. Algo que nunca consegui explicar a mim mesma o porque de existir. São revoltas que chegam sem pré-aviso de que o bilhete de partida ainda não está garantido. Tantas vezes até os dedos calaram. Mas… A tua luz, a tua cor… Até a este Presente, manteve tudo longe, pudesse ser assim para sempre, afastar a noite escura que com umas enormes garras me leva a embarcar no maior dos navios das lembranças. Este monstro que aparece vindo não sei de onde, e ataca todas as certezas, que abala toda a minha segurança, e me faz recuar, empurra-me! Tanto, que deixo as marcas na areia de ser arrastada… O rasto que tento voltar a seguir enquanto o mar não apaga, enquanto o sol volta a arder.
Oh mente dividida! Oh ser de duas almas!
Teimosia esta, que metade de mim sou eu, a outra a que me tenta educar! Insistência esta, de metade que quer permanecer em mim, que me desordena as ideias, os ideais. És tu, que te emaranhas na solidão do escuro enquanto a luz emana… E és tu, que puxas o fio da malha para desfazer o que até aqui montei de verdades absolutas, e sonhos concretos.
Dos meus olhos um dilúvio. Da minha alma temporal.