Tan tan tan tan!
#2
E agora meu amor, é tarde, e tenho que amanhã, muito cedo, levar a carta à senhora, espero que esta finalmente chega a ti, leva o meu cheiro, e um beijo, para que me sintas também a mim, aí, bem perto de ti. Amo-te muito meu amor.
Da tua eterna amada, Dalaja.
Voltei! Voltei com uma data de coisas que poderia contar… Mas que agora, paciência, mas não me apetece. Porque hoje, estou assim um bocado para o partida, doem-me os ombros para caraças, porque diga-se de passagem, que dormir em bancos de autocarro não é nada, mas nada de nada confortável. Portanto, venho de baterias carregadas, mas também não me apetece contar muito. Posso deixar aqui, que tenho uma treta de horário escolar! Oh oui! C’est vrai! Uma coisa assim mesmo, coiso! Eu ainda aqui o deixo! Perguntai á vontade sobre as disciplinas de iniciais estranhas, que eu, também só soube hoje do que se tratavam, e devo dizer-vos que eu cá não tenho apoio de inglês. Poderia ter de um francês, que sempre é uma língua mais de amour, agora de um inglês, love já não é tão romântico. Pronto, já estou a descambar do tema, mas é assim mesmo, nada de coisas sérias… Amanhã aulas… Quem diria não é? Vamos lá ver como tudo corre, mas eu preferia que fosse mais devagar para conseguir apanhar a matéria, é que estou poucas vezes atenta á cena… Parce que… Bom isso importa? Nada portanto… E outra coisa, estou á meia hora a escrever isto, porque entretanto, estou a falar sobre a turma deste ano… Não vou já soltar os cães dentro de mim, com relatos de uma só pessoa vá, são apenas novas na escola… Vamos lá ver… É melhor não comenta. Outra coisa! Estou TODA PICADA CARAGO! Sim, sim, sim! Caralhotes para isto! Até amanhã!
(A minha avó chamou-me "puta (= miúda para ela) reles" )
Bye!
Arrepios… Questões… Insegurança… (falta) Profissionalismo… (falta) Técnica… Medo… Ponto de vista (diferente?)… Trabalho… Fotografia… Receio… Mas… Trabalho!
Deseja-me sorte, para este primeiro trabalho fotográfico... Amanhã... É já, amanhã...
Foi amor á primeira vista!
N. –Não tas nada!
S. –Tou sim! Eu sei que tou! E tou a ficar com a consciência pesada…
(abri o saco, olhei para eles…)
S. –Opa mas eles são tan lindoooos!!!
N. –Ai amor, pois são!
(mais á frente, depois de passar as portas do metro…)
S. –‘Pera, ‘pera! Vou-me calçar aqui!
N. –Sim calça!
(e está claro, que me descalcei no metro, para os calçar. E não me canso de dizer, que são tão lindos!)
Saudades?
Rastos
Com a pressa dos outros...
Matam o vício com a pressa dos outros... Caminham com um qualquer calçado roto, estragado e sujo. De cabelo seco e baço, de roupas sem cor, sem textura, sem qualquer coisa que chame a atenção, pela harmonia. Feridas mil, cicatrizes feias, caras sujas, e mãos, escondidas sobre luvas por onde espreitam os dedos. Tremem, e mal falam. Não se sabe se sentem, ou pelo menos, não se quer saber. Espreitam aqui e ali, procurando encontrar a relíquia, que é o lixo de muitos.
Escondia-se na barba. Olhava de lado. Trazia muitos sacos pretos, nas mãos bastante escuras… De olhar muito vago, sem prestar atenção nenhuma, senão no chão.
Escondem-se na vida de uma rua, de um qualquer banco de jardim ou de uma entrada de algo, minimamente abrigados do vento e do frio.
Procuram, sem se cansar, para poder matar um vício insustentável, nas bermas das estradas, os restos de alguns cigarros, de alguém com pressa com a chegada de algum autocarro deitou fora. E com remendos, com muita procura e um pouco de paciência… Faz-se um cigarro, que quase ninguém fumaria. Mas é assim, que eles matam este vício insustentável… Com a pressa dos outros…