Louca!

Morri ali, quando a música começou. Sobre os panos vermelhos de uma paixão oculta, sobre as cinzas de todas as cartas que queimei. Sobre as gotas que brotavam dos meus olhos. Eu morri. Deixei-me ir para sempre, com a melodia que me assombrava em qualquer local. A melodia que estava entranhada nos meus ouvidos, que tentei arrancar com todas as minhas forças. Ela puxava-me e repetia o teu nome vezes sem conta, a cada batida do tambor, soava um eco do teu nome, que me levou à loucura. Queimei cada fotografia tua, rasguei os teus trapos, e lancei ao vento o teu perfume, que acabou por deixar um rasto sobre as ruas onde passava. Fiquei louca. E morri, sobre os panos onde dormíamos. Onde fazíamos amor, onde juraste um amor eterno. Enlouqueci sem a tua presença. Destruída no teu cheiro, acabada sobre as cinzas de cada palavra queimada que me ofereceste. Eu ali fiquei, na tão temida solidão de afectos, na ancia de te ver chegar, pegando-me suavemente, e beijando-me os lábios uma última vez que duraria a imensidão do tempo que me restava. Eu ardia por dentro. A cada inspirar, uma memória tua eu via nos meus olhos, que me aceleravam os sentidos. Dependente de ti como da heroína, deixei-me morrer nos panos vermelhos da nossa paixão inexistente. Sou louca! E tu só exististes na minha loucura.

1 Meios Devaneios:

Anónimo disse...

Uiiii...tanta loucura que por aqui vai...


Jinhos