Muitas pessoas me perguntam como é viver sozinha em casa, poder fazer o que se quer, ter as suas regras, poder quebrá-las a todas. É extremamente fácil dizê-lo. Dizer que é bom, que era o que muitos queriam. Mas as coisas não são assim tão fáceis. Há uma data de coisas por detrás dos horários, de chegar tarde, de trazer amigos para casa, de ir a festas… Há que saber arrumar também, limpar, gerir o dinheiro, pagar as contas, fazer o comer, fazer compras pelo que é mais barato porque o dinheiro não chega para tudo, ter atenção a uma outra série de coisas que ninguém pensa quando diz que é óptimo viver sozinho. Sinónimo de crescimento, de liberdade. E por isso, talvez eu não esteja assim tão crescida em certos momentos. Porque sinto saudades dos meus pais, da minha cadela, das discussões, das piadas, dos domingos a passear, dos domingos em casa de pijama com torradas e chá quentinho, dos jogos de cartas, dos almoços com visitas, do sofá cheio, da casa quente, do quarto deles iluminado. E á noite, há um turbilhão de coisas que me assusta, passos dos vizinhos do andar de cima, o escuro, ruídos que entram pelo pequeno buraco de janela aberta. As coisas são mais difíceis do que parecem. Custam muito mais do que se imagina. Ouvi-los falar da casa nova, dos quartos, das varandas, da vista, do local. E querer ver, através de uma qualquer coisas, tudo aquilo, querer sentir o cheiro da casa, a textura das paredes, sentar no sofá e ficar a ver televisão mesmo, talvez, sem perceber nada. Hoje, acho que só queria mesmo, sentir a presença física deles.
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