Conhecemo-nos?


De nada vale fugir. É a pequena afirmação que me faz tropeçar diáriamente.
De nada me valeu fugir de corações frios, gélidos, se encontrei outros. Corações estes, idênticos aos que me fizeram congelar a alma durante anos! Corações, almas, pessoas. Pessoas estas que também usam, tu usas-me. Usas-me para as tuas carências de afectos, para tornar vivo o teu silêncio. Para dar cor aos teus dias cinzentos. E tu? Queres fazer o mesmo comigo? Queres abraçar-me quando realmente preciso, ou quando tu precisas? Queres aproximar-te de mim quando me afastou, ou queres seguir o teu  caminho? Queres entender os meus maus momentos, ou apenas tu os tens?
E peço desculpa, e explico-me, e peço(te) companhia... Mas a tua bateria romântica talvez seja a energia solar, e com dias de chuva, já se sabe... Por isso voltarás, quando der um raio de sol em ti, quando te voltarem as carências, quando o teu corpo precisar de outro num abraço.
Oh, se somos diferentes... Se somos... Talvez seja mesmo este amor cego que ainda me segura, num vai e vem, no teu quer e não quer.

És tão igual aos meus, como eu igual aos teus. Mito revelado. E tu és aquilo que lhes criticaste. As pessoas frias que saem sem olhar, que já não se despedem, que não mostram que gostam quando devem, que não afagam quando devem. Hoje fiquei a chorar e ontem à noite também… Um chorar de duas dores, a que não podes fazer nada, e a que podes mas não fazes. Saíste sem um beijo, sem nada. E porquê? Porque eu ia faltar? Porque estava com tantas dores que não me sentia capaz de ir? Isso torna-te igual a eles, lembras-te? Tal e qual.
Nunca disse que não tinha defeitos, e (in)felizmente estão de tal modo vincados em mim que são impossíveis de esconder.

Talvez estejamos com prazo de validade desde o inicio…